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8 de janeiro de 2023

Em termos estritamente literários, a imagem dos últimos acontecimentos não poderia ter sido mais precisa: a milícia fascista – mistura explosiva de fundamentalismo religioso radical com o poder de destruição da vida da polícia brasileira – saqueia, depreda e destrói os principais símbolos institucionais do país, com o apoio direto e indireto das forças de segurança nacional. Tudo isso para apagar da memória a força e a beleza do gesto civilizatório promovido por negros, mulheres, indígenas, pessoas com deficiência e classe trabalhadora no geral, ao entregar a faixa para Lula.

E não podemos duvidar de uma coisa, nem por um minuto: se Lula estivesse ali por alguma razão, estaria morto nesse momento, com seu corpo sofrendo todo tipo de violação para transmitir uma mensagem: esse país é nosso.

Que tenhamos a humildade necessária para aprender com nossos inimigos. Eles estão em guerra contra nós, e não dá para seguir fingindo que está tudo bem. Afinal, é essa a “normalidade” democrática sob o câncer neoliberal.

Vivemos na era da literalidade, e a mensagem fascista não precisa de interpretação. Na verdade, trata-se do fim mesmo da ideia de representação. O fim é o meio: seu objetivo é o sacrifício dos nossos corpos, extirpando da memória o poder da força política popular que elegeu Lula. O recado está dado: o fundamentalismo evangélico miliciano quer nos matar. Seguirá a esquerda tentando nos pacificar?

Edir Macedo, Silas Malafaia e afins são gestores de Instituições Criminosas que atendem pelo nome de IGREJA. Sua função é a produção em massa de um universo paralelo feito sob medida para fanáticos reacionários. Gado não: máquinas de morte.

Cabe a JOVEM PAN e a mídia fascista em geral o papel de desonrar nossa memória e cancelar nosso futuro.

A POLÍCIA é uma complexa tecnologia de desumanização, forjada ainda durante a escravidão, cuja função é fazer com que todos os corpos que subiram a rampa com Lula sejam confirmados socialmente enquanto formas degradadas de existência sub-humana. Matéria descartável.

O AGRONEGÓCIO quer saquear o país até que sejam destruídas todas as parcas possibilidades de superação das desigualdades que nos constituem enquanto nação. De quebra, completar o genocídio indígena.

Um projeto de queima total pode parecer irracionalista a primeira vista, mas é só a gente se perguntar “quem ganhou com isso tudo” pra ver que tem método na barbárie. E lucro, muito lucro. Como costuma dizer o velho Paulo Arantes, diante da certeza de que o barco vai bater no Iceberg, sai na frente quem pilhar tudo primeiro, acelerando o naufrágio. Morro, mas morro entupido de salmão.

Os fundamentalistas milicianos, que atuam sob um modelo de onipotência branca herdada da escravidão, refundaram a política como confronto radical. Ou seja, não é possível que nós convivamos no mesmo mundo.

É guerra, conflito radical, racial. A boa e velha luta de classes. Já passou da hora da esquerda voltar a odiar os mais ricos, ao invés de sonhar com eles os mesmos sonhos.

É isso, ou o fim do mundo. Sem anistia ainda é muito pouco: sem existência.

PS: Com relação aos COVARDES de centro liberal que insistem em falsas simetrias como mecanismo de chantagem (lulismo equivale ao bolsonarismo; identitários de esquerda equivalem aos fascistas de direita), não digo nada, porque sei muito bem de que lado do chicote eles estão.

De onde nada se espera é que não vem merda nenhuma.

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